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Comparativo: XC60 encara Audi Q5 em duelo de alto nível

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Comparativo: XC60 encara Audi Q5 em duelo de alto nível

Fonte: https://motor1.uol.com.br/reviews/180127/comparativo-volvo-xc60-versus-audi-q5/

Sinônimo de segurança automotiva, a Volvo também ficou mundialmente conhecida por suas belas (e esportivas) peruas. Mas, nos últimos anos, o carro que levou a bandeira da marca sueca foi o SUV XC60. Ele teve mais de 1 milhão de unidades vendidas mundo afora, fazendo sucesso também no Brasil – onde liderou o segmento de SUVs premium até a chegada do Range Rover Evoque. Agora é a vez da segunda geração estrear por aqui, com direito a nova plataforma, novos equipamentos e design arrebatador.

Só que o lançamento da Volvo aconteceu quase que simultâneo ao do novo Audi Q5. Embora tenha seguido linha evolutiva no design, menos arrojado que o do XC60, o SUV médio da Audi também traz nova plataforma, mais leve, novo motor e a nova geração do sistema de tração Quattro, agora chamado de Ultra.

Como se não bastasse a estreia concomitante, ambos brigam pelo mesmo (endinheirado) cliente que pode gastar de R$ 250 mil a R$ 300 mil num SUV de luxo. Então não tivemos dúvidas e convocamos as versões topo de linha deles para um comparativo. O Q5 veio na configuração Ambition, de R$ 292.990, e o XC60 na T5 R-Design, tabelada a R$ 269.950. Prepare-se para um duelo em altíssimo nível.

Espaço e praticidade

Nas mãos da chinesa Geely desde 2010, a Volvo abandonou a plataforma Ford do antigo XC60 no novo modelo. Em seu lugar, entrou a arquitetura modular SPA (Scalable Product Architecture), que estreou no XC90 e agora serve ao irmão menor. Assim, ele ganhou 6 cm no comprimento e 9 cm no entre-eixos, medidas que aumentaram o espaço interno e elevaram a capacidade do porta-malas em 10 litros (totalizando 505 litros). Por sua vez, o novo Audi Q5 pegou emprestada do A4 a base MLB, também modular, feita para os modelos de motor longitudinais da marca. Ficou somente 3,4 cm maior no comprimento e 1,2 cm no entre-eixos em relação ao antecessor, mas em contrapartida salvou 50 kg do peso total.

Lado a lado, vemos que a evolução do Volvo é mais nítida – o Audi lembra demais o modelo anterior. E não somente no design, mas também nas dimensões. Por conta disso, o XC60 se destaca no espaço. Ajusto o banco dianteiro para meu 1,78 m e sento no banco de trás. Sobra mais de um palmo para o encosto do banco da frente. O Audi está longe de ser apertado, mas, fazendo a mesma avaliação, sobraram dois dedos para o encosto dianteiro. Além disso, o túnel da transmissão do Q5 é muito volumoso, roubando precioso espaço do quinto ocupante. Em compensação, seu porta-malas é 45 litros maior que o do rival, com 550 litros.

O XC60 volta a chamar a atenção pelo formato e forração dos bancos – belíssimas peças da R-Design, com formato esportivo e mescla de couro e Alcântara. Vale citar também a posição elevada das saídas de ar traseiras do Volvo, instaladas nas colunas centrais – mais eficientes que as do Q5, colocadas no console entre os bancos dianteiros, em posição baixa.

Outro detalhe bacana do XC60 está nos comandos: um seletor de rolar para os modos de condução e um botão de partida de girar, e não de apertar, são diferenciais em relação aos botões comuns do Audi. A resposta do alemão se dá nas possibilidades de configuração: há o modo Individual de condução, que permite configurar a seu gosto, e também três opções para os LEDs da iluminação interna (branca, azul ou vermelha), que podem variar conforme o modo de condução ou pelo sistema multimídia.

Ambos contam com largos consoles centrais, sendo o do Volvo com mais espaço para objetos e uma tampinha corrediça. No Audi, parte do espaço é perdido para o sistema Touch Pad usado para escrever endereços para o GPS ou números de telefone. Há porta-mapas generosos nas portas e redes laterais no porta-malas, nos dois casos, além de abertura/fechamento elétrico da tampa traseira.

Acabamento e equipamentos

Ocupantes do Volvo são recebidos com um delicioso aroma de couro nobre ao abrir a porta. E a cabine do sueco faz a gente se sentir em algo mais especial, tanto pelo desenho do painel quanto pela mistura de cores e texturas. Lembra muito o interior do XC90, mas com um toque a mais de esportividade e posição de dirigir mais focada. O Audi também é perfeitamente acabado e seus materiais são até melhores em alguns casos, mas o desenho mais tradicional do painel, que lembra muito o do A4, não é tão bacana quanto o do XC60. Os bancos são bastante confortáveis, mas a posição de dirigir não é tão fácil de encontrar como no Volvo.

Como esperado num Audi de última geração, o Q5 traz o quadro de instrumentos digital (Virtual Cockpit), com diversas formas de visualização. A marca alemã insiste, porém, num sistema multimídia sem tela sensível ao toque, o que dificulta a navegação – faz com que tenhamos de usar o Touch Pad e o botão giratório do sistema. Diz que o recurso é mais seguro por não fazer o motorista desviar a atenção para mexer na tela, mas a verdade é que o novo A8 está chegando com tudo “touch”, então nos parece questão de tempo para o restante da linha seguir essa filosofia.

No XC60 o cluster também é totalmente digital – muito bonito e bom de usar (com mapa do GPS no centro), mas não há tantas variações de visualização como no Audi. Já central multimídia em posição vertical, também como no XC90, parece um tablet. E é tão fácil de usar quanto, com ícones grandes (rápidos de visualizar) e uma navegação bem intuitiva. Isso reduz a quantidade de botões da cabine, deixando o visual mais clean. Pode se mexer no ar-condicionado e até mesmo no aquecedor dos bancos pela tela.

Em termos gerais, tanto o Q5 quanto o XC60 trazem tudo que a maioria dos mortais precisa (bancos dianteiros elétricos, sensores de estacionamento com câmera de ré, alerta de ponto cego, teto solar panorâmico, etc). Vantagem do Volvo é que os sistemas de condução semi-autônoma são todos de série. Ele tem piloto automático adaptativo que funciona no para e anda da cidade e em velocidades de estrada, além da automação da direção (que segue as linhas da pista). Basta você ficar de leve com a mão no volante que ele praticamente dirige sozinho. Já no Audi esses sistemas são vendidos como opcional em dois pacotes que somam mais R$ 19.100 na conta.

Ao volante

Se até aqui o XC60 está em vantagem, na hora de andar o Q5 engrossa a disputa novamente. Tendo como base o A4, o SUV alemão surpreende na qualidade de rodagem, mesmo usando rodas aro 20 nesta versão – mérito da suspensão five-link nas quatro rodas somada à rígida carroceria. Passa suave pelas imperfeições com pouca transferência para os ocupantes, além de segurar com firmeza a carroceria nas curvas e em altas velocidades. É do Audi também a direção mais precisa e comunicativa. Curioso é o funcionamento do ESP, um tanto brusco quanto percebe o desequilíbrio do SUV.

Apesar das rodas aro 21 desta versão R-Design, o XC60 também consegue rodar macio. Mas não é tão competente quanto o Q5 na absorção de impactos (balança um pouco mais), e nem tão firme nas curvas. Não que falte equilíbrio ao Volvo, mas é sensível como sua carroceria inclina mais em desvios rápidos e frenagens fortes. A direção também é um pouco anestesiada, embora não tanto quanto no XC90. É bom de dirigir, mas sem a precisão do Audi. Curiosamente, porém, a atuação de seu ESP é mais suave, sem ser tão intrusiva.

Ambos os SUVs são equipados com motor 2.0 turbo de 4 cilindros, de potências semelhantes: 254 cv no Volvo e 252 cv no Audi. Mas o Q5 leva vantagem no torque (2 kgfm extras) e principalmente no peso (cerca de 200 kg mais leve). Na prática os dois andam rápido e respondem forte quando cravamos o pé direito, mostrando desempenho esportivo. Especialmente no Audi: ele levou apenas 6,5 segundos na aceleração de 0 a 100 km/h em nossas medições, contra 7,4 s do Volvo.

Vale dizer, porém, que o Q5 fica manso na maioria dos seus modos de condução, visando menor consumo. Ele só anda pra valer no modo Sport, que também adiciona peso ao volante. Rodando no modo Comfort, o XC60 parece mais esperto que o alemão, com pouca diferença para o modo esportivo. E, nas retomadas, que é o que realmente usamos mais na “vida real”, o Volvo andou praticamente junto do Audi – veja tabela de testes.

Quanto ao consumo… Bem, aí a tecnologia do Q5 se faz valer. Além do sistema que desacopla a transmissão do motor, ele agora traz a versão Ultra da tração Quattro. O que muda? Ao contrário da tração Quattro anterior, que tinha diferencial central Torsen e divisão de torque 60/40 (era um efetivo 4×4), agora estamos falando de um sistema Haldex de tração dianteira capaz de enviar torque para o eixo traseiro, por meio de uma embreagem multidiscos – mesmo já usado no S3 e no TT, mas neste caso com motor longitudinal. A Audi garante que a transferência de força ao eixo traseiro é tão rápida (0,2 s) que ninguém vai sentir diferença na prática. O motorista também pode acionar o 4×4 simplesmente optando pelo modo Sport ou Off-road de condução.

O câmbio é o conhecido S-Tronic de dupla embreagem e 7 marchas, com borboletas no volante, que requer menos energia do motor do que o tradicional câmbio automático de 8 marchas do Volvo (os dois muito suaves nas mudanças). O resultado de consumo foi uma média de 7,5 km/l na cidade e 12,1 km/h na estrada, contra 6,6 km/l e 10,6 km/l do XC60, respectivamente. Diferente do Audi, o Volvo segue com sistema de tração 4×4 permanente, também como modo Off-road de condução.

Compra e manutenção

A “crescida” do XC60 teve reflexo direto na tabela de preços. Se na primeira geração ele brigava com BMW X1 e Audi Q3, agora a disputa é no andar de cima, com valores que partem de R$ 239.950 na versão Momentum e chegam a R$ 279.950 na R-Design aqui avaliada. Caro? Sim, mas faz parte da estratégia da Volvo, que terá o recém-apresentado XC40 como seu SUV de entrada.

Mesmo num patamar superior de mercado, o XC60 ainda custa menos que o Q5. O Audi parte de R$ 244.990 na versão Ambiente e chega a R$ 312.090 na Ambition completa (equipada com os sistemas de condução semi-autônoma que são de série no Volvo). Ambos oferecem garantia de apenas 2 anos, mas os custos de manutenção do Volvo são sensivelmente mais caros após os 30 mil km, como mostra a tabela abaixo:

Revisão            Audi              Volvo

10 mil km                           R$ 900                           R$ 949

20 mil km                           R$ 1.840                        R$ 1.849

30 mil km                           R$ 1.540                        R$ 949

40 mil km                           R$ 1.840                        R$ 2.349

50 mil km                           R$ 1.540                        R$ 3.499

Conclusão

Esse é daqueles comparativos em que não há um perdedor. Quem comprar qualquer um dos dois estará muito bem servido, pois atualmente são os melhores SUVs premium do mercado. A escolha entre o alemão e o sueco vai depender do gosto do cliente. Estilo, espaço e a relação preço/equipamentos apontam para o XC60, enquanto o Q5 leva a melhor em desempenho e dinâmica. Mas, se você faz questão dos sistemas de condução autônoma, aí a diferença de mais de R$ 30 mil define a balança a favor do Volvo.

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