Em um país tropical e com altas médias de temperatura como o Brasil, o ar-condicionado do carro deixou de representar um luxo e passou a ser item essencial. Contudo, é preciso tomar alguns cuidados com esse sistema, o que ajuda a evitar desgastes prematuros em seus componentes e, principalmente, prejuízos à saúde.

Ao longo do texto, você vai conhecer o funcionamento básico de um sistema de ar-condicionado automotivo, quais medidas preventivas colocar em prática e como não desperdiçar combustível. Siga com a leitura a seguir!

Como funciona o ar-condicionado automotivo?

O sistema funciona de forma bem semelhante aos outros modelos de ar-condicionado encontrados no mercado, usando princípios como evaporação, condensação, compressão e expansão. Os principais componentes responsáveis pela refrigeração do veículo são:

• compressor;
• filtro secador;
• condensador;
• válvula de expansão;
• evaporador;
• ventilador;
• gás refrigerante.

O ar-condicionado automotivo é basicamente um trocador de calor que usa as mudanças de estado de um fluido refrigerante para controlar a temperatura no veículo. Um compressor, conectado ao motor por meio de uma correia ou polia, pressuriza o fluido — em estado gasoso — e o envia através de tubulações até o condensador, que tem a função de resfriá-lo. Devido à alta pressão e à queda na temperatura, esse fluido torna-se líquido.

Uma vez nesse estado, o fluido é enviado ao filtro secador — ou filtro de ar —, responsável por remover umidade e impurezas. Após a conclusão do processo, o material refrigerante é transferido à válvula de expansão para redução da sua pressão e temperatura, transformando-o em uma espécie de névoa.

Por fim, o fluido é conduzido ao evaporador, passando por várias serpentinas de cobre. Um ventilador, localizado à frente desse componente, lança o ar frio pelas tubulações do veículo e refrigera o seu interior.

Conforme o material refrigerante começa a esquentar, ele vira gás novamente e, na sequência, o ciclo se repete. Um termostato, localizado no evaporador, controla a temperatura interna do automóvel por meio do acionamento ou não do compressor.

Que cuidados devem ser tomados e como fazer a manutenção?

Ter um ar-condicionado automotivo é uma ótima ideia e torna a direção muito mais tranquila e confortável.

No entanto, se você quer agregar saúde e bem-estar à direção, é importante prestar atenção a determinados detalhes. Quer saber quais são eles? Confira a seguir!

Promova a manutenção periódica do ar-condicionado

De acordo com Rubens Venosa — engenheiro proprietário de oficina mecânica e consultor da Revista AutoEsporte — a manutenção dos automóveis com esse equipamento precisa ser feita constantemente, ao menos de seis em seis meses, e por profissionais qualificados.

O filtro de ar é o causador de grande parte dos problemas — sejam mecânicos ou de saúde — relacionados ao ar-condicionado automotivo. Lembre-se de que ele filtra as impurezas e remove a umidade do fluido, ambas prejudiciais aos demais componentes do sistema, como o compressor.

Segundo Francisco Satkunas — engenheiro e conselheiro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade —, os primeiros sinais de que o filtro apresenta problemas e precisa ser substituído são mau cheiro e baixa ventilação.

Limpe o equipamento com frequência

Fazer apenas a manutenção do ar-condicionado não é a solução. Todo o sistema exige higienização constante, uma vez que o ar refrigerado passa por uma série de tubulações que acumulam poeira e micro-organismos. Estes, por sua vez, podem causar doenças, especialmente em pessoas alérgicas.

O tempo indicado para essa limpeza é a cada seis meses, e isso deve acontecer independentemente da frequência de uso ou do tipo do ar-condicionado. Ou seja, o equipamento precisa ser limpo de maneira periódica mesmo por motoristas que não utilizam o carro todos os dias.

A higienização ocorre por uma equipe especializada, que verifica as condições do ar-condicionado automotivo e substitui possíveis itens danificados, empregando os produtos certos para cada tipo de sistema.

Troque o filtro de ar

O filtro de ar é o item responsável por deixar puro o ar dentro do automóvel, pois retém todas as impurezas do ambiente externo. Ele ainda impede que outras peças e o motor sejam danificados, já que evita que a sujeira chegue até essas partes.

Portanto, é imprescindível trocar o filtro de ar periodicamente, necessidade que ganha ainda mais importância durante a pandemia de coronavírus. Afinal, é possível que o filtro retenha o vírus. Se ele não for trocado no tempo certo, haverá um percentual alto de sujeira acumulada no equipamento, e o vírus pode infectar as pessoas em contato.

Não há um prazo correto para promover a troca do filtro de ar: ele varia de acordo com a frequência de uso e se o carro roda por locais com um alto índice de poluição ou não. No entanto, a recomendação é que a troca aconteça a cada semestre.

Evite ligar o carro com o ar funcionando

Muitos motoristas se esquecem desse cuidado, mas ele é essencial para garantir uma maior vida útil da bateria.

Se o ar-condicionado for ligado antes de você dar a partida no carro, a bateria pode sofrer prejuízos, uma vez que uma maior carga elétrica será necessária para o veículo funcionar.

Preste atenção ao mau uso da recirculação do ar condicionado

Ao passar por locais com odores fortes — como em estradas com muita poeira ou locais próximos de caminhões, por exemplo —, entra em cena uma função vital do ar-condicionado automotivo: a recirculação. Ela tem o objetivo de evitar a troca entre o ar interno do automóvel e o ar externo, e ainda ajuda a tornar a refrigeração mais rápida.

No entanto, é muito importante que ela não fique ativada por tempo demais, pois se o ar não for trocado, o ambiente interno do veículo se vicia. Assim, o nível de oxigênio cai e o de gás carbônico cresce. Isso pode causar sensação de sono e cansaço no motorista e nos passageiros, comprometendo saúde e segurança, já que as chances de acidentes sobem.

Como economizar combustível e evitar desgastes prematuros?

Caso você seja dono de um automóvel, sabe que ele traz muitas despesas todos os meses. Entender como usar o ar-condicionado corretamente é imprescindível para reduzi-las. Isso traz também muito mais autonomia para identificar problemas e tomar boas decisões de preservação.

Em dias muito quentes, abra as portas do veículo e deixe o ar quente sair antes de ligar o sistema. Lembre-se de que, quanto maior a temperatura no interior do veículo, mais tempo o compressor — item conectado ao motor — ficará ativado e maior será o consumo de combustível.

Também é importante não ficar muito tempo sem ativar o ar-condicionado, mesmo durante o inverno. Indica-se o uso do ar-condicionado, ao menos, uma vez por semana para garantir a eficiência do gás refrigerante. Além disso, se o carro permanecer sem rodar, há o risco de rachaduras surgirem em peças de borracha responsáveis pela vedação do conjunto.

Como fazer a limpeza de maneira adequada?

Para que tudo aconteça de maneira eficiente, a limpeza do ar-condicionado precisa ter atenção especial com alguns detalhes. Antes de mais nada, você deve remover a umidade dos dutos. A melhor maneira é estacionar o carro, mas deixar o motor ligado e girar o aquecedor para cima. Vale ressaltar que o ar-condicionado precisa ficar desligado durante as etapas da higienização.

Em seguida, é necessário sair do veículo e fechar as portas e janelas por, aproximadamente, cinco minutos. Essa medida ajuda a remover a umidade e reduz as chances de bactérias se espalharem pelo sistema do ar-condicionado e prejudicar a saúde dos ocupantes do veículo.

Produto descontaminante

O próximo passo é aplicar um produto descontaminante para impedir a proliferação de bactérias, fungos e outros tipos de agressões respiratórias. Ative o sistema do ar-condicionado no nível máximo. Com o produto em mãos, continue com as portas e janelas fechadas, mas deixe a do passageiro aberta. Isso porque, enquanto o carro estiver fora, o produto deve ser colocado no chão do carro ao lado do banco do passageiro.

Faça pressão no produto por meio minuto. No entanto, esse tempo pode variar de acordo com as instruções do fabricante impressas no rótulo. O mais importante é que o responsável pela higienização use uma máscara protetora e evite ao máximo aspirar resíduos do produto. De maneira geral, a aplicação desse tipo de limpador costuma ser muito parecido, porém, alguns podem exigir o uso de umidificador.

Circulação dentro do veículo

Na etapa seguinte, aguarde trinta segundos, feche a porta do passageiro e deixe o produto espalhar na parte interna do carro. Aqui ele deve sair do sistema de ar-condicionado e ir para fora do veículo. O ideal é deixá-lo ativar seu funcionamento por cinco minutos. Logo depois, abra o carro e desligue o sistema de ar-condicionado.

Antes de voltar a ligar o carro, estimule uma boa ventilação com janelas e portas abertas por, no mínimo, meia hora. Essas ações garantem uma ventilação mais potente e um cheiro agradável no veículo. No entanto, se você tem problemas com cheiro forte de produtos ou intolerância respiratória, o mais indicado é que busque profissionais especializados na realização do procedimento.

Qual o tempo ideal de limpeza?

Um questionamento muito comum quando se trata de limpar o ar-condicionado automotivo é o prazo exato em que o processo deve acontecer. Isso é fundamental na hora de evitar bactérias no sistema e o acúmulo de resíduos capaz de causar problemas ao funcionamento. Além disso, esse tempo é o mais indicado para evitar excesso de sujeira a ponto de aumentar o consumo de combustível.

Quais são as consequências de não limpar o ar-condicionado do carro?

Muitas vezes, na correria do dia a dia ou, até mesmo, por puro desconhecimento, a limpeza do ar-condicionado é deixada de lado. O grande problema, entretanto, é que se trata de um componente no qual a manutenção periódica é essencial para o seu funcionamento, e isso exige atenção redobrada.

Entenda, a seguir, as principais consequências de não limpar o ar-condicionado.

Cheiro ruim

O cheiro é o principal indício de que o ar-condicionado está com sujeira acumulada. Quando os filtros não são trocados adequadamente, os resíduos ficam nas colmeias e a capacidade de filtrar é comprometida. Uma questão importante está em se conscientizar de que, quanto mais tempo ficar sem trocar, maior será o acúmulo das impurezas e o sufoco que o motorista passa com um sistema de ar-condicionado que não funciona.

Essa questão vai muito além do cheiro desagradável, ela envolve também os problemas respiratórios. Os micro-organismos que ficam no ar que circula dentro do carro comprometem a respiração. Ao utilizar o ar-condicionado com frequência em uma situação como essa, as chances de desenvolver asma ou rinite se tornam muito maiores. A dica é não esperar sentir dificuldade na respiração ou algum cheiro ruim para se lembrar de fazer a troca.

Vazamento de água

O vazamento de água é outro problema causado pela falta de higienização no ar-condicionado. O motivo é que, no processo normal, o dreno que fica no dispositivo é o responsável por enviar a condensação para a parte de fora do veículo por meio do tubo de recolha de condensados.

Sabe quando o motorista estaciona o carro e de longe conseguimos ver poças de água no chão? Então, esse é o motivo. A grande questão está no momento em que a poça aparece e o ar-condicionado no carro não foi nem usado. Isso é o principal indício de falhas no funcionamento do sistema.

Vidros embaçados

Os vidros embaçados também são indícios significativos de problemas. Existe no ar-condicionado automotivo o tubo de recolha de condensados. Quando esse componente não consegue trabalhar de maneira correta, o resultado é o excesso de umidade no carro.

Os sinais aqui podem ir além dos vidros embaçados e aparecerem também nos tapetes, que ficam mais úmidos sem nenhuma causa aparente. Para ter certeza se é o ar-condicionado o causador do problema, você deve avaliar se o tubo está com obstrução e fazer uma limpeza minuciosa depois de consertar o componente.

Ruídos incômodos

Barulhos que incomodam os ouvidos do motorista também merecem atenção especial. Claro que existem muitos motivos para o veículo apresentar ruídos diferentes, mas o funcionamento comprometido do ar-condicionado é um dos mais comuns. Se toda vez que ele for acionado, o motorista notar um ruído estranho, fica mais simples identificar sua origem.

Aqui, a principal dica é manter a manutenção sempre em dia para saber exatamente quando existe algo errado e evitar imprevistos. Sem contar que cuidar do funcionamento dessa peça faz muita diferença na hora de manter os outros componentes sem danos e o carro mais seguro de maneira geral.

Agora que você já conhece um pouco mais a respeito do ar-condicionado do carro, não deixe de realizar as revisões necessárias. Assim, assegura-se que o equipamento continuará funcionando da forma adequada, sem problema sérios. Outro ponto importante está em aprender a identificar os sinais de problemas no componente para tomar as melhores decisões na hora de preservá-lo ao máximo.

Gostou das informações do conteúdo sobre limpeza do ar-condicionado do carro? Então, deixe seu comentário no artigo e nos conte como está o cuidado com esse componente tão importante.